quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Quartos habitáveis - III - Na sala de espera

|Flávia Rocha


A claridade derramada
no quarto, como um rasgo—
paisagem de água e pedra

no sol de um dia igual a este,
sem alternativas.Você pressente
o que está para acontecer,

pálida e diagonal. Os objetos
expostos num plano improvisado,
atrás da vidraça— ossos de ave,

pequenos instrumentos fraturados,
úteis –  provisoriamente
esquecidos ali, perto demais—

um deles ao seu alcance
sobre a mesinha, tocando o vértice
de um esboço amarelo, apenas

a metade visível— todo o resto
é preto noturno, enquanto o riacho
de luz transparente

atravessa a iminência parda
da sala de espera.