quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Marta Tchizúri


|Paulo Bandeira Faria


Na altura já escrevia e ela dizia-me: Não percas tempo com isso. Então, dava-me a mão e levava-me do fim até ao início. Conseguia-o num espaço de tempo que nunca lhe bastava, mas a mim me deixava exausto, lavado em suor e a tremer. Depois descíamos até à rua e íamos a uma esplanada frente ao mar beber uma cerveja atrás de outra e comer marisco. Aos garotos que se aproximavam, ela enxotava com palavras que nunca entendi. As águas espalhavam destroços pela praia e as palmeiras estavam pintadas de branco até meio, creio eu que para não subirem os bichos. Não sei. Nunca entendi isto – eu estava aqui apenas de passagem.
O dono da empresa tinha-me dito: Se fores até lá tratar da barragem, sobes mais depressa que os outros. Aquilo é esquisito, mas tu tens cuidado, não vás para a cama sem protecção e vais ver que voltas inteiro. Foi isso que disse. E acrescentou: Para mais, vamos pagar-te em dólares e ali és um rei. Que te parece?
Pareceu-me bem.