quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Corredores

| Catarina Costa

Cruzavam-se entre os corredores das repartições e entre as alamedas de árvores despidas. Foi um Outono de uma crueldade pouco tolerável para um deles, ou era ele que não queria aceitar sua tolerabilidade. Para o outro terá sido também isso ou algo radicalmente diferente sob o mesmo abandono outonal. De um jeito ou de outro, haverão de ter coincidido nos pontos configurados em raio que precedem a mudez. Caminhavam para um sítio fechado, a duas vozes emudecendo. Só um deles lá entrou, sem retorno. O outro ficou a observar a forma como, chegando-se aonde os pontos se fecham, os corredores deixam de desembocar, as alamedas deixam de confluir. Como as árvores podem ser sugadas sem ruído algum. E continuou a caminhar para um sítio ligeiramente mais aberto.