sábado, 9 de março de 2013

Um Bairro feito de Livros


Quando, em 2011, a Isabel, a Catarina e a Minês se juntaram para criar uma cooperativa no Porto, destinada a dar forma a ideias criativas e a fazer nascer produtos culturais, estavam longe de imaginar que um dia seriam “as meninas do Bairro dos Livros”. Hoje, fazem livros, trabalham a comunicação para a cultura e assinam alguns dos mais originais eventos culturais nas Artes Plásticas e Literatura. Com o projecto Bairro dos Livros, a partir do Porto, conseguiram dinamizar a rede de livreiros e alfarrabistas da baixa da cidade.


Uma pequena pegada criativa.
Passavam a vida a cruzar-se em diferentes trabalhos e perceberam que havia mercado para oferecer soluções integradas nesta área. Foi a partir da união de três áreas de formação distintas, a Literatura, as Belas Artes e a Comunicação que nasceu a Cultureprint, num modelo bastante diferente do normal: “Somos uma cooperativa”, afirma Catarina Rocha, “o que significa que procuramos trabalhar de forma justa e com preocupação em agir sobre o espaço em que vivemos e em que trabalhamos”. 
Design, Assessoria de Imprensa, Produção de eventos culturais e Edição são apenas algumas das áreas em que a Cultureprint se distingue, já com uma interessante carteira de clientes no bolso, entre alguns Festivais de Artes e Tecnologia no Porto, a própria Universidade, artistas e escritores, e com perspectivas de crescer de forma consolidada.

“Sabemos que ler pode ser fixe, sexy e até revolucionário e quisemos mostrá-lo a toda a gente”.
O Bairro dos Livros, prestes a celebrar um ano de existência, pôs toda a cidade a celebrar o Livro e as livrarias da baixa do Porto, com actividades que preenchem todos os segundos sábados de cada mês com música, cinema, leituras, performances, teatro, exposições, tertúlias e lançamentos. O evento, inteiramente gratuito, trouxe as câmaras de televisão às livrarias e explodiu nas redes sociais. “Criámos, a partir da fantástica rede de livreiros e alfarrabistas que já existia, uma dinâmica de cruzamento de leitores e escritores, de artistas e de criadores, que tem por objectivo promover a Leitura e criar leitores”, explica Isabel Rocha. Para as raparigas da Cultureprint foi uma oportunidade de mostrar o que sabem fazer: “quisemos mostrar o nosso Bairro e partilhá-lo com todos”, continua.
Todos os meses há um tema diferente e um programa inteiro de coisas novas que acontecem nas livrarias, bibliotecas, mas também nos cafés, nos eléctricos e até em espaço público. Na baixa do Porto, elas são as “meninas do Bairro” para os livreiros e todos os que já participaram na festa.

Edição de autor personalizada e low-cost
As experiências como livreiras, como artistas e como escritoras fizeram com que percebessem que o autor é, muitas vezes, aquele que menos tem uma palavra a dizer sobre a forma como a sua obra chega ao público e aquele que menos conta na cadeia da edição. Foi para oferecer uma alternativa a quem quer editar o seu livro com qualidade, de forma criativa e personalizada que a Cultureprint criou um serviço de edição de autor sem concorrência no mercado. Segundo Minês, “cada vez mais, quem opta pela edição de autor fá-lo porque quer garantir que a sua obra será concretizada num objecto único, para um público exigente, ou porque já percebeu que é necessário aparecer através dos canais certos, naquilo que hoje se chama de uma edição indie”.
Um livro cuidado não significa automaticamente custos elevados. Porque a ideia é pensar “fora da caixa”, às vezes, “as ideias mais criativas são mesmo as low-cost”, continua, “numa lógica completamente personalizada”. Isto significa que “quem edita com a Cultureprint pode optar por escolher os serviços que mais lhe interessam e apenas esses, com a vantagem de terem toda uma equipa multidisciplinar a pensar o conceito do início ao fim”, explica Catarina. E quem disse que a apresentação de um livro tem de ser aborrecida? No portefólio de produção de eventos da cooperativa fazem já parte lançamentos feitos numa antiga garagem clássica - onde recriaram o ambiente dos anos 40, com sofás, máquinas de escrever, carros antigos e actores vestidos à época, ao som de vinil -;  tertúlias que puseram à conversa as figuras de Che Guevara e de Fernando Pessoa; e recitais improvisados de um coro, a partir das varandas da Cordoaria.

No futuro próximo das três raparigas da Cultureprint estão, para já, novas edições que chegam, brevemente, às livrarias e os próximos Bairros dos Livros, no Porto, sempre com surpresas para os leitores e uma outra forma, talvez mais “bairrista”, de olhar a leitura.