terça-feira, 5 de março de 2013

Manuel António Pina por...

|Manuel Jorge Marmelo


Ainda não sou capaz de dizer da falta que o Pina me faz. Quando me lembro dele, tantas vezes, fica-me um vazio por dentro, duro como uma pedra na barriga. Mas depois lembro-me do sorriso amável que ele tinha, das histórias que contava, dos gatos e dos serralheiros, dos taxistas e dos polícias, dos piropos que coleccionava — e sorrio também. Tenho a memória cheia de imagens do Pina, de frases do Pina, de exemplos do Pina, e só por causa disso creio que sou um homem melhor do que aqueles que não o conheceram, não o leram, não conversaram com ele. Quero ver se não me esqueço de não permitir que aquele que fui com vinte anos tenha razões para se envergonhar de mim.