sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Visitas inesperadas

|André Domingues

São 23 horas e 33 minutos do último dia de 1899. Estou com Nikola Tesla, no seu laboratório em Colorado Springs. Tesla diverte-se a descodificar sinais extraterrestres, através da dissecação de frequências atípicas que lhe fazem lembrar ruídos de tempestades cerebrais. A sua convicção está ébria de futuro e compromisso, desejo e disparate. Por mais que queira convencê-lo do logro em que está há anos enredado, não me sinto capaz de frustrar assim uma mente histórica e muito menos de trespassar o direito ao delírio de um homem com a flecha da consciência eterna, soberana e universal.
Por isso, e para que Tesla não morresse de susto ou da imensa realidade da sua arte, disfarcei-me o melhor que pude de Mark Twain que, por essa mesma altura, o visitava com bastante regularidade. E trouxe-lhe um excelente vinho francês para o jantar.