sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Crença

|Luís Quintais

A literatura é uma província da poesia. Visitemos a pro-
víncia. Há sempre o conforto dos nocturnos onde se explica
a presença das grandes cidades no horizonte da biografia.
Escuta a voz que os poemas desenham. Voz desenhada.
Voz mineral. Voz aguçada pela vária chegada ao porto da
linguagem. Esquecerei tudo isto. Afinal é apenas teoria con-
sagrada à impossível escuta dessa voz antiga mas sem ori-
gem. Do outro lado da rua, alguém grita à janela. Desespera
sob o uniforme que o conduz. Deste lado do mundo, desta
mesa repartindo-se como um território por conquistar, desta
mesa semeada por disciplinas e dispêndios, uma crença é
conduzida por máquinas que rasuram demencialmente.