quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Porque queres destruir Deus

|Alexandra Antunes

Porque queres destruir Deus exercitas a
Extrema beleza.

Encostas a tua boca silenciosa
À palma da minha mão aberta:
— O meu mundo aumenta
De cada vez que respiras

Dás-me o teu mundo
Tenho-o
Nas minhas trémulas mãos
Aperto-te todo contra o meu peito
Fico completamente branca.
Abres-me pela boca
Pousas os dedos
Na minha parte intocável
Desmanchas os meus cabelos
Contra a luz quente e intacta
Gostarias de me ver sangrar:
A língua da navalha lambe
O meu ventre onde abres
Um golpe considerável
— O meu mundo recomeça a doer
Por dentro
Pareço sofrer de uma louca
Alegria.
O sangue desliza
Bate
No chão: — Amas-me
Com a mesma intensidade que têm
As feridas
Sabes que o meu sangue se funde
Bem no teu
Por isso me levaste contigo:
— Quando a primeira chuva de Setembro
Chegou.