sábado, 4 de maio de 2013

Sulscrito nº 4

|Fernando Esteves Pinto




Numa relação de amizade a simpatia é um maneirismo. Um estilo ou afectação que apenas serve para decorar um modo de ser que dificilmente encontra correspondência na pessoa que se deseja conquistar e torná-la nossa amiga. Muitos são os amigos simpáticos e raros os que sentimos que sejam honestos, sinceros e verdadeiros. Na minha ligação de amizade com o Rui Costa, a recompensa maior foi descobrir nele a pessoa autêntica que soube dividir comigo, correcta e lealmente, a fortuna do seu carácter. A ele estarei sempre grato, tanto pelos momentos que passámos juntos, como pelas emoções vividas que persistem agora na memória. 

Posso não editar outro sulscrito, e se assim for, esta edição nunca será a última, pois estou convicto de que não há um fim para recordar um amigo, cabendo a todos os que nesta publicação prestaram a sua homenagem continuar a testemunhar a vida e a obra do Rui – obra literária que não se esgota nos livros publicados.
 
Quanto ao conteúdo da revista Sulscrito, considero o prefácio de Maria João Cantinho um acto de justiça. Eu quis que não fosse um amigo a escrever sobre a obra poética do Rui, mas sim uma pessoa que não o conhecesse pessoalmente, que nunca tivesse privado com ele, que fosse imparcial, e, principalmente, que para essa pessoa a poesia do Rui constituísse uma descoberta absoluta. O resultado não podia ser mais íntegro.

O título tão nome de tudo fui encontrá-lo na página 63 do livro “As limitações do Amor são Infinitas”. Um pequeno verso tão cheio de força e desejo numa página branca onde nem por um momento se sente o vazio nem a instantaneidade, antes pelo contrário, é uma frase tão íntima e reflectida no seu significado.

A cor da capa teve origem numa troca de dedicatórias entre o Rui Costa e a Inês Ramos na antologia “Os Dias do Amor – um poema para cada dia do ano”, organizada pela própria.