sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

tus dedos en mi vísceras

|Joana Serrado


Doem-me os cafés da minha cidade
os que fecham ao domingo
os que fecham para obras
os que fecham para férias
os que fecham indefinidamente
os que fecham por fechar
os que não precisam de fechar e se trespassam trespassando-nos.
Sei que vou morrer com eles
sei que vou morrer sem eles.
Sei que o teu corpo é um corpo perecível
corruptível.
Sinto a tua morte nos meus ossos


e não consigo salvar-te.
Sinto a tua frigidez
a tua alvura apodrecida
a maneira como os teus maxilares se adormecem um no outro.
Só o perfume das violetas que brotam do teu corpo me faz respirar.



In Guarany, 4águas, 2012.