terça-feira, 6 de maio de 2014

Trindade

|Luis Coelho

Pai,
No teu sono de enxofre
desejas na impossibilidade
o rio do atrito da desventura,
E o filho,
que resvala na partitura da paixão,
na redução dos homens transviados,
na roda serpentina do retorno eternizado,
suplica a renúncia na libertação,
implora a sua própria rebelião,
para que a Verdade nele chame a contenda da dúvida,
para que a neurose, a culpa nele demande sacrifício,
o seu levitar materno, ousadia de Sophia,
a sua desmaterialização na fortuna iniciática,
pela ordem, acção e síntese
do Espírito feito alma alada,
Hermes enrubescido pelas viagens,
nesse equilíbrio mercurial
dos neurónios robustecidos,
do pensamento apaziguado.

O Espírito é a Noite de sonhos evolados
na tragédia finalizada na Origem,
no caminho conseguido de conspirado,
no trilho de perdido em nós tornado.