Quando,
em 2011, a Isabel, a Catarina e a Minês se juntaram para criar uma cooperativa
no Porto, destinada a dar forma a ideias criativas e a fazer nascer produtos
culturais, estavam longe de imaginar que um dia seriam “as meninas do Bairro dos Livros”. Hoje, fazem livros, trabalham a
comunicação para a cultura e assinam alguns dos mais originais eventos
culturais nas Artes Plásticas e Literatura. Com o projecto Bairro dos Livros, a
partir do Porto, conseguiram dinamizar a rede de livreiros e alfarrabistas da
baixa da cidade.
Uma pequena pegada
criativa.
Passavam
a vida a cruzar-se em diferentes trabalhos e perceberam que havia mercado para
oferecer soluções integradas nesta área. Foi a partir da união de três áreas de
formação distintas, a Literatura, as Belas Artes e a Comunicação que nasceu a
Cultureprint, num modelo bastante diferente do normal: “Somos uma cooperativa”, afirma Catarina Rocha, “o que significa que procuramos trabalhar de
forma justa e com preocupação em agir sobre o espaço em que vivemos e em que
trabalhamos”.
Design,
Assessoria de Imprensa, Produção de eventos culturais e Edição são apenas
algumas das áreas em que a Cultureprint se distingue, já com uma interessante
carteira de clientes no bolso, entre alguns Festivais de Artes e Tecnologia no
Porto, a própria Universidade, artistas e escritores, e com perspectivas de
crescer de forma consolidada.
“Sabemos que ler
pode ser fixe, sexy e até revolucionário e quisemos mostrá-lo a toda a gente”.
O
Bairro dos Livros, prestes a celebrar um ano de existência, pôs toda a cidade a
celebrar o Livro e as livrarias da baixa do Porto, com actividades que
preenchem todos os segundos sábados de cada mês com música, cinema, leituras,
performances, teatro, exposições, tertúlias e lançamentos. O evento,
inteiramente gratuito, trouxe as câmaras de televisão às livrarias e explodiu
nas redes sociais. “Criámos, a partir da
fantástica rede de livreiros e alfarrabistas que já existia, uma dinâmica de
cruzamento de leitores e escritores, de artistas e de criadores, que tem por
objectivo promover a Leitura e criar leitores”, explica Isabel Rocha. Para
as raparigas da Cultureprint foi uma oportunidade de mostrar o que sabem fazer:
“quisemos mostrar o nosso Bairro e
partilhá-lo com todos”, continua.
Todos
os meses há um tema diferente e um programa inteiro de coisas novas que
acontecem nas livrarias, bibliotecas, mas também nos cafés, nos eléctricos e
até em espaço público. Na baixa do Porto, elas são as “meninas do Bairro” para
os livreiros e todos os que já participaram na festa.
Edição de autor
personalizada e low-cost
As
experiências como livreiras, como artistas e como escritoras fizeram com que
percebessem que o autor é, muitas vezes, aquele que menos tem uma palavra a
dizer sobre a forma como a sua obra chega ao público e aquele que menos conta
na cadeia da edição. Foi para oferecer uma alternativa a quem quer editar o seu
livro com qualidade, de forma criativa e personalizada que a Cultureprint criou
um serviço de edição de autor sem concorrência no mercado. Segundo Minês, “cada vez mais, quem opta pela edição de
autor fá-lo porque quer garantir que a sua obra será concretizada num objecto
único, para um público exigente, ou porque já percebeu que é necessário
aparecer através dos canais certos, naquilo que hoje se chama de uma edição
indie”.
Um
livro cuidado não significa automaticamente custos elevados. Porque a ideia é
pensar “fora da caixa”, às vezes, “as
ideias mais criativas são mesmo as low-cost”, continua, “numa lógica
completamente personalizada”. Isto significa que “quem edita com a Cultureprint pode optar por escolher os serviços que
mais lhe interessam e apenas esses, com a vantagem de terem toda uma equipa
multidisciplinar a pensar o conceito do início ao fim”, explica Catarina. E
quem disse que a apresentação de um livro tem de ser aborrecida? No portefólio
de produção de eventos da cooperativa fazem já parte lançamentos feitos numa
antiga garagem clássica - onde recriaram o ambiente dos anos 40, com sofás,
máquinas de escrever, carros antigos e actores vestidos à época, ao som de
vinil -; tertúlias que puseram à
conversa as figuras de Che Guevara e de Fernando Pessoa; e recitais
improvisados de um coro, a partir das varandas da Cordoaria.
No
futuro próximo das três raparigas da Cultureprint estão, para já, novas edições
que chegam, brevemente, às livrarias e os próximos Bairros dos Livros, no
Porto, sempre com surpresas para os leitores e uma outra forma, talvez mais
“bairrista”, de olhar a leitura.