|Joana Serrado
O abraço é a
condição de possibilidade de toda a união. É a maneira como, a seu tempo
veremos, a Amada fica prisioneira da sua própria essência, que é o amor, mas também
da Liberdade. É a extrema dádiva do amor que é o corpo – de um corpo que se
preparou para o
amor, para a
doçura, para o conhecimento total. Não há abandono da criaturalidade, pelo
contrário, esta é um imperativo para amar.
Eis-nos no
âmago do experienciar amoroso (mística): Hadewijch utiliza dois verbos distintos
– abraçar e prender – para mostrar os dois pólos da vida humana: o prazer e a
dor. Entre o experienciar – sentir – e o experienciar – provar: toda uma
dinâmica experiencial baseada nos sentidos se concatena. Ser-se Cristo na
doçura (ou natureza), mas também nas fraquezas, nas imperfeições, as quais, não
sendo pecado, mostra o imperioso mandamento de viver e morrer com Cristo.
Experienciar é despertar todos os sentidos. É prender, abraçar a criaturalidade.
In Guarany, 4águas, 2012.