| Catarina Costa
Não tinha como se defender. Mas não ia deixar que a torturassem. Não eles. Não dessa vez. Então avançou. Para o ponto em que não a poderiam acusar, em que seria a executante da lei nas hierarquias que se instalam no topo dos precipícios. Dos cumes alcantilados trataria de se recolocar no devido lugar cá em baixo junto aos terrenos. Seria aquela que executa a sua própria lei de cima abaixo. Seria responsável pela sua mudez última. Haveria de fechar todas as aberturas por onde a luz, o ar ou a fala poderiam sair. Iria fechar a lucarna, amarrar os membros às pegas nas paredes do compartimento. Iria coser os lábios. Praticaria a infibulação. Seria aquela que fecha as frestas, que autoriza apenas uma luz interior, engolida.