quando convive ou
quando
escreve
tudo parece ferramenta cirúrgica
que bifurca pele
quando convive ou quando escreve
cada sílaba é
lâmina de
um canivete
que corta a barriga de uma porca selvagem do mato
para jorrar um caldo
muito
mas muito pastoso
até
que o poema entre no mundo como
um homem
soltando grunhidos.
soltando
grunhidos.
soltando
grunhidos.
fazendo
carícias na garganta do grito
se depara
com o abatedouro diário
dentro
do pensamento.
quando a lamina passeia pela garganta da
porca selvagem do mato
percebes que
o mundo é aquela irritação nas suas amígdalas .
fazendo
carícias na garganta do grito
A rotina da cidade é entalhe feito
por instrumento cortante.
nos faz apalpar a lâmina de um
serrote soletrando o verbo insistir.
junto a esse incomodo que é sentir o
tédio cutucando meus rins.