Numa relação de amizade
a simpatia é um maneirismo. Um estilo ou afectação que apenas serve para
decorar um modo de ser que dificilmente encontra correspondência na pessoa que
se deseja conquistar e torná-la nossa amiga. Muitos são os amigos simpáticos e
raros os que sentimos que sejam honestos, sinceros e verdadeiros. Na minha
ligação de amizade com o Rui Costa, a recompensa maior foi descobrir nele a
pessoa autêntica que soube dividir comigo, correcta e lealmente, a fortuna do
seu carácter. A ele estarei sempre grato, tanto pelos momentos que passámos
juntos, como pelas emoções vividas
que persistem agora na memória.
Posso não editar outro
sulscrito, e se assim for, esta edição nunca será a última, pois estou convicto
de que não há um fim para recordar um
amigo, cabendo a todos os que nesta publicação prestaram a sua homenagem
continuar a testemunhar a vida e a obra do Rui – obra literária que não se
esgota nos livros publicados.
Quanto ao conteúdo da
revista Sulscrito, considero o prefácio de Maria João Cantinho um acto de
justiça. Eu quis que não fosse um amigo a escrever sobre a obra poética do Rui,
mas sim uma pessoa que não o conhecesse pessoalmente, que nunca tivesse privado
com ele, que fosse imparcial, e, principalmente, que para essa pessoa a poesia
do Rui constituísse uma descoberta absoluta. O resultado não podia ser mais
íntegro.
O título tão
nome de tudo fui encontrá-lo na página 63 do livro “As limitações do
Amor são Infinitas”. Um pequeno verso tão cheio de força e desejo numa página
branca onde nem por um momento se sente o vazio nem a instantaneidade, antes
pelo contrário, é uma frase tão íntima e reflectida no seu significado.
A cor da capa teve
origem numa troca de dedicatórias entre o Rui Costa e a Inês Ramos na antologia
“Os Dias do Amor – um poema para cada dia do ano”, organizada pela própria.