Uma mulher alta, atravessada pela elegância de um vestido decotado e cruel. Ao lado da mulher, uma criança pálida, com rosto de porcelana e sardas severas. A menina está vestida com o uniforme do colégio e leva à volta do seu minúsculo pulso um fio que sobe na direcção do céu e termina, já muito perto das nuvens, num enorme balão. O balão tem a forma de um dirigível. A bordo do dirigível vão os seus demónios particulares.
Está um dia de sol insofismável. A mulher sorri para a câmara. A criança não. Tem medo que alguma coisa aconteça ao seu balão. A mulher não tem percepção da grandeza do balão que a menina traz. Só a menina (e nós que estamos deste lado) sabe da enormidade daquele balão. Do conteúdo inominável daquele balão.
Mas se olharmos atentamente para o dirigível vemos que também um dos demónios leva atado ao seu minúsculo pulso um fio que desce na direcção da terra e termina, já muito perto do chão, num enorme balão. O balão tem a forma de uma menina. Ao lado da menina, uma mulher alta, atravessada pela elegância de um vestido decotado e cruel, com um inofensivo e indefensável dirigível da Chanel na outra mão.