Subimos.
Setembro. A sombra da casa comprida.
Por todo o lado pó, o zumbido do rádio.
O sol na armação cromada da cama.
Alcançaste os teus cigarros.
A escadaria sonha
ainda debaixo de nós,
as cortinas mexem-se
devagar, como se escorressem.
A pia vazia era
uma explosão de prata
e os segundos
sempre fluidos e voando
para além do
calor, do seu toque. O tempo inactivo,
tudo afastado do
seu propósito –
o sol na paralisada
armação da cama,
o cabide, a
imagem na parede.
Eu vi o fumo fresco
do teu cigarro,
os livros
empilhados atrás de nós,
e a coberta com
peixes e aves e flores
todos caindo e
deslizando para o chão
onde arrefeciam
numa geometria azul.
Pó no
guarda-roupa, pó na ária.
Pela janela, uma
colorida vista que morre.
Lá fora, nenhum
plano se aninhava nas sombras,
e a toalha,
ociosamente deitada na cadeira,
tinha a mesma
história que nós.
(Tradução: Luís Filipe Cristóvão)