Fórmica azul-celeste, cilindros florescentes.
Os céus abrem, dilúvios de luz: pai
com filha adulta, peles ao pescoço, eu, com o cheiro
das roupas suadas, alguns lugares atrás de uns soldados.
O apito. As lâmpadas queimam. Depois o escuro. As janelas
seguram as nossas caras desoladas e pálidas. Os soldados
jogam às cartas no colo. A mulher, fechada,
escarros de jaspe branco nas orelhas balançando.
Pai e filha não conseguem cair no sono
Enquanto relembram aquele jovem coração que sangra e arde
Na mão do bêbado da pequena loja do cais de embarque.
Ela é esbelta e alta. O programa do Cimbelino
escorrega limpo do seu colo em direcção ao bêbado.
De branco, ela inclina-se, como o faria para um beijo.
(Tradução: Luís Filipe Cristóvão)