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segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Quartos habitáveis - I - Restos

|Flávia Rocha

O casaco displicente e preto
à porta, caveira de boi
no quarto— você veste

alguma outra cor, menos óbvia,
e deixa os objetos delatores
em casa, sob a pia— no momento

em que lava o rosto e o verde
dos seus olhos absorve o brilho
sombrio de uma lâmpada,

você acorda, sem a perspectiva
exata— a mão ainda dormente
em concha sobre o travesseiro

no chão recebe brisas distantes,
sem assepsias. Estampas
sobre a mesinha de madeira

obscura— a nudez fixa
no espelho irreal, reflexo único.
Caveira de boi à porta—

ágil, decidida, você procura
por alguém que dorme.