|Luís Filipe Cristóvão
a)
A minha voz e a parede da igreja, mais logo, assim seja, pedras e
pedras – um luar. Queria contar-te como na aritmética, seria mais fácil, dois
três um, mas no olhar, fechado como um cancro, eu tenho trinta e um dentes. E
tu?
b)
O outro caso eram as macias romãs deixadas (por ti) em cima do balcão
da cozinha e quando eu acordei tocava o telefone, a rádio ainda e sempre na
antena dois. Escorreguei com os pés sobre o soalho – rangia, dizias tu que
talvez os construtores – e uma minha mão sobre o teu colo, o balcão da cozinha
e o meu pijama azul manchados para sempre antes de tomar banho.