Senta-te à beira-rio.
Atenta o barco que ali vai
Corrente a baixo, que se esvai
Entre os cabelos do estio.
Entrança seus rumos.
Sê guia do destino, feiticeira,
Sê aquela que é ao olhar sereia,
E ao escutar sussurros.
Toca o Sol ao pôr.
Emprestado toma-lhe então
Luz, aconchego e coração,
Que seu cerne é flama e ardor.
Lança-os ao vento,
Áureo nómada, mensageiro.
Envia-o ao teu marinheiro
Que ao céu reserva-se atento.
Sob o seu toque e beijo será viva
A recordação deixada ao largo,
A doce donzela que de encargo
Vela o regresso à despedida.