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sexta-feira, 23 de maio de 2014

Fazer o outono de navalha no bolso

|E.M. Valmont

A navalha, fria, faz-se ouvir
mais que as palavras gritadas
na boca o sangue que advir
cuspido em postas sustidas

porventura almas mal nutridas
de letras, a fome espertina
o punho do pobre à guilhotina
de um país podre, nas despedidas

a navalha dá grandeza    
à guerra que se quer dizer  
em palavras, parece poder      
de certo apenas incerteza        

de como crescem as crianças
quando o outono deixar cair
as folhas mortas e as vinganças

de como crescem as crianças