Quando o silêncio te salva das tuas palavras
Até seres pura contemplação
Quando o silêncio revela em ti os sons do teu corpo
Sussurrando que – para tua surpresa – ainda estás vivo
Quando o silêncio se introduz pelas frinchas do vento
Ou quando no silêncio descobres a nova dimensão
Da dor tão grande que sentes, então sabes
Que o silêncio existe porque já o levas dentro
Quando no silêncio esqueces o tempo
Quando nos teus pesadelos caem dentes
Quando as árvores entre a bruma lembram fantasmas sem luz
Quando a Jesus queres dar descanso descendo-O da cruz
Quando o melhor de ti não apazigua
Nem o martírio da tua noite nem a de ninguém
Quando os teus trajetos se tornam indefinidos, então vês
Que o silêncio existe porque já o levas dentro
Não é o mundo todo que te rodeia em silêncio
Tu é que já és ao silêncio do mundo alheio