cá estou sentada sobre essa escadaria –
meu cabelo é liso/há vento/meu cabelo voa
enquanto o mundo parece estar dizendo:
“Oh! Como preciso escoar a carne que está se
aglomerando no meu rosto”
e é como
se eu soubesse de cor uma
frase (qualquer) de uma tragédia (qualquer) e a declamasse num tom
infinitamente melancólico
e também é como
se eu preferisse pensar que as folhas e ventos que
passam no meu cabelo agora são frutos de alguma vontade,
como se alguém mandasse – de presente –
“folhas e ventos”
para Rua General Glicério, dia 5 de Maio, Sedex
essas folhas [olhe para elas!] estão prometendo
tampar o buraco com pus que existe (e ninguém sabe) entre cada fio de
cabelo – aqueles que voam no vento agora como se fossem estrelas de cinema.