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quarta-feira, 1 de maio de 2013

Não vá o maio, de maduro, cair


|Editorial

Quatro meses inteiros a fazer revista e olhar para a frente, ver um ano inteiro a chegar e a pesar, respirar fundo, seguir em frente, mais um passo, mais um passo, um passo de cada vez. Quatro meses inteiros a fazer revista, a gerir as frustrações de cada vida, as distâncias, os desempregos, os trabalhos pesados, os silenciosos empregos, as chamadas de surpresa. Quatro meses inteiros a fazer vida, todos os dias.

E para mudar de agulha, saber que na literatura encontramos uma janela para um mundo que se explica melhor do que o nosso. Daí a importância de ler quem escrever por nós. Quem sente com as letras e constrói de palavras paredes, casas inteiras. E para mudar de agulha, abrir portas e convidar mais gente, para que o mundo se faça inteiro de vários olhares, sensações, mãos que escrevem, mais do que no papel, no corpo.

Quatro meses inteiros e muitos pais, pelo passado e pelo futuro. Porque abril mal se cumpriu e o maio não vá, de maduro, cair. Aprender a resistir mesmo que sem ações – porque ação já é esta a de respirar num espaço onde convidamos quem venha respirar connosco. Sejam palavras, sejam olhares, sejam sensações. Começar mais um mês, sob o signo do trabalhador, essa espécie em vias de extinção, essa espécie em revolução constante. E não parar nunca de lutar.