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segunda-feira, 1 de abril de 2013

Isto não é o dia das mentiras


|Editorial

Não estamos no tempo de reescrever a história. Na verdade, nem sequer na disposição. E se bem se entenderia que um movimento poético tivesse, no seu seio, os seus motores teóricos, não parece aceitável que o movimento se faça, apenas, pela oportunidade de quem está arrumado na vizinhança. Essa é a condenação de quase todos os que aspiram a ser grandes: não resistem a ver-se rodeados de pequenos bajuladores que se arrastam pelas suas costas em busca da luz do sol.

Não estamos no tempo de nos determos numa caixa. Na verdade, nunca foi a nossa intenção. Daí que a procura de contraditórios sempre tenha feito o caminho deste espaço. Porque abrir portas faz parte da nossa forma de estar. Porque encontrar outras vozes é, também, uma forma de estar vivo. Porque, finalmente, é nessa diversidade que se encontram as melhores razões para continuarmos a fazer o que fazemos: não desistir nunca do que é humano no trabalho das letras.

Não estamos, enfim, no tempo de nos fixarmos. Na verdade, evitamo-lo a todo o custo. Porque o contemporâneo tanto está numa cantiga de amigo, como numa letra de rap. Porque o nosso tempo tantas vezes surge na literatura clássica, de uma forma tão pungente como na página de um qualquer jornal.  Porque não ignoramos o curso da língua e da literatura que nos trouxe até aqui, até hoje, até ao agora. Nós sabemos. É isso que nos apetece dizer perante aqueles que insistem em tempos que não são, claramente, os nossos. Façam vocês a festa que quiserem, nós sabemos.